Em entrevista exclusiva à reportagem, PM acusado negou as agressões e disse que a mulher inventou uma ‘desculpa honrosa’ para sua desistência
Uma investigadora maranhense de 53 anos, que preferiu não revelar sua identidade, denunciou os episódios de violência que sofreu durante um curso de táticas destinado a policiais femininas, organizado pela Polícia Militar do Ceará. Ela relatou que, ao decidir sair do local, percebeu que não receberia apoio. A investigadora expressou sua decepção com as colegas que participaram do curso junto com ela. Ela recebeu apoio na Casa da Mulher Brasileira – Delegacia da Mulher no Ceará e na corporação da Polícia Civil do Maranhão. A situação a deixou muito triste, pois as outras participantes ficaram com medo de retaliações e preocupadas em não receber a certificação do curso. Ela relatou ter sido agredida e, ao decidir desistir, por não concordar com a violência que estavam enfrentando, não teve ninguém ao seu lado. A confusão começou quando percebeu que as outras participantes estavam sendo alvo de agressões verbais por parte do instrutor durante a organização dos ambientes. O cabo da Polícia Militar do Tocantins, Rafael Ferreira Martins, teria ficado extremamente estressado e fora de controle devido ao desaparecimento de um pedaço de pizza.
Após ser localizado pela reportagem, o cabo Rafael Ferreira Martins, suspeito das agressões, concedeu uma entrevista exclusiva. Embora tenha sido afastado do curso, ele não foi afastado de suas funções na Polícia Militar do Tocantins. Ele afirmou desconhecer as alegações de agressão. Martins expressou um sentimento difícil de descrever, considerando seus nove anos de serviço na instituição, nos quais dedicou quase sete anos ao treinamento, operações e instrução. Ele ressaltou que uma pessoa sem respeito pela história alheia e sem humildade para reconhecer suas próprias dificuldades e desistências no curso está tentando encontrar desculpas por não ter conseguido concluí-lo. Ele justificou que as outras 21 alunas continuam firmes e unidas. Segundo ele, as alegações da investigadora não procedem e estão longe da verdade. Ele negou a existência da história da pizza e mencionou que há depoimentos das instituições que serão fornecidos no momento apropriado. Martins enfatizou que as outras 21 alunas irão relatar a verdade, de que nada disso aconteceu. Ele expressou frustração e afirmou que essa denúncia causou-lhe um grande prejuízo. Martins ficou triste por ter sido afastado e afirmou que estava planejando seguir até o final do curso. Ele destacou que pagou um alto preço por essa denúncia e que gostaria de ter contribuído ainda mais. Ele enfatizou que em nenhum momento ocorreu o que foi relatado pela investigadora, e que não há motivo para se arrepender de algo que ele não fez.
A investigadora supostamente agredida explicou que já participou de outros cursos táticos nos quais existem privações de sono e de comida e pressões psicológicas. E que jamais imaginou que um dia seria vítima de agressão física. “Durante o curso, tem um momento chamado de ‘semana rústica’, onde a gente não dorme, não come, sofre pressões psicológicas, fica no meio do mato, o que é normal. Mas apanhar, nunca imaginei.” Procurada para falar sobre as denúncias contra a sargento Maia, a Secretaria de Segurança Pública do Estado não respondeu aos questionamentos da Jovem Pan News. Por conta da repercussão do assunto, já que a policial denunciou o agressor e postou nas redes sociais fotos com hematomas gigantes nas nádegas, o caso foi parar no gabinete do governador Elmano de Freitas. O chefe do Executivo estadual exonerou o diretor-geral da Academia Estadual de Segurança Pública (AESP), o coronel da PM Clauber Wagner Vieira de Paula. “Inadmissível e revoltante a denúncia de agressão cometida por um policial de Tocantins, responsável por ministrar um dos módulos do Curso Tático Policial Feminino na Academia Estadual de Segurança Pública, contra uma policial civil do Maranhão”, publicou Freitas em suas redes sociais. O novo diretor-geral é o coronel José Kilderlan Nascimento de Sousa. Ele foi comandante do das Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio).