De acordo com um comunicado do Palácio de Buckingham, o Rei Charles leva o assunto de forma “extremamente séria” e está profundamente preocupado com ele.
O Palácio de Buckingham anunciou nesta quinta-feira (6/4) que está colaborando com uma investigação acerca da conexão da monarquia britânica com o tráfico negreiro. A investigação teve início após a divulgação de um documento de 1689 pelo jornal The Guardian, que mostra o pagamento de mil libras ao rei William III em ações na Companhia Real Africana, responsável pelo transporte de escravos da África para as Américas. A descoberta foi feita pelo historiador Brooke Newman, e o documento apresenta a assinatura do traficante de escravos Edward Colston (1636-1721), cuja estátua em sua homenagem foi derrubada durante os protestos Black Lives Matter em 2020.
A Companhia Real Africana foi estabelecida em 1672 e recebeu um monopólio para transportar escravos da África para as Américas. Ela tinha conexões com várias figuras importantes, incluindo membros da monarquia britânica. O documento descoberto pelo historiador Brooke Newman apresenta uma lista de acionistas da empresa e inclui o nome do rei William III, que governou a Inglaterra, a Escócia e a Irlanda de 1689 até sua morte em 1702. O Palácio de Buckingham expressou sua preocupação com a conexão da monarquia com o tráfico negreiro e afirmou que está cooperando plenamente com a investigação.
A descoberta do documento coloca em destaque novamente a discussão sobre a conexão do Reino Unido com o comércio de escravos e o impacto dessa prática na história do país. A derrubada da estátua de Edward Colston em Bristol, durante os protestos de 2020, foi um dos momentos em que essas questões ganharam mais visibilidade. A colaboração do Palácio de Buckingham com a investigação pode ser vista como um passo importante para lidar com esse legado histórico.
A Universidade de Manchester está conduzindo um estudo sobre a relação da monarquia britânica com o comércio de escravos, com base em documentos oficiais da Coleção Real e dos Arquivos Reais fornecidos pelo Palácio de Buckingham. O estudo, que teve início após a divulgação de um documento de 1689 mostrando o pagamento de mil libras ao rei William III em ações na Companhia Real Africana, responsável pelo transporte de escravos da África para as Américas, deve ser concluído em 2026.
O Palácio de Buckingham afirmou que está cooperando plenamente com a investigação e que o rei Charles III leva o assunto de forma “profundamente séria”. A descoberta do documento que motivou o início do estudo reacendeu a discussão sobre a conexão do Reino Unido com o comércio de escravos e levantou questões sobre a história da monarquia britânica em relação a esse tema.
O estudo conduzido pela Universidade de Manchester é um passo importante na compreensão desse legado histórico e na busca por respostas em relação à conexão da monarquia com o tráfico negreiro. Espera-se que o estudo forneça informações valiosas para a discussão em curso sobre a história do Reino Unido e para a compreensão da relação entre a monarquia britânica e o comércio de escravos.
“Este é um assunto levado muito seriamente pela Sua Majestade”, disse o Palácio sobre o Rei Charles. No comunicado, citam o discurso do monarca de junho de 2022, quando falou a líderes de ex-colônias britânicas.
Fonte:METROPOLES
O Rei Charles III é o atual monarca do Reino Unido, assumindo o trono em 2021 após a morte de sua mãe, a Rainha Elizabeth II. Antes de se tornar rei, ele foi o Príncipe de Gales por mais de 60 anos, sendo o herdeiro aparente da coroa britânica por um dos períodos mais longos da história.
O Rei Charles tem sido um defensor incansável de questões ambientais e sociais, sendo um crítico vocal do aquecimento global e apoiando o desenvolvimento sustentável em todo o mundo. Ele também tem trabalhado em iniciativas para combater a pobreza e a exclusão social, além de se envolver em projetos de conservação do patrimônio histórico e cultural.
A cooperação do Palácio de Buckingham com a investigação sobre a relação da monarquia britânica com o comércio de escravos, liderada pela Universidade de Manchester, é uma evidência da postura séria e comprometida do Rei Charles com a justiça social e a investigação de assuntos históricos importantes. Sua liderança em questões sociais e ambientais tem sido um exemplo inspirador para muitos em todo o mundo.