Lula Defende Avanços Econômicos e Anuncia Diálogo sobre IOF em Coletiva de Imprensa

Presidente destacou crescimento do PIB, programas sociais e investimentos, enquanto confirmou negociações com Congresso para compensar desoneração da folha.

Em uma coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou um balanço otimista das ações do governo, enfatizando a recuperação econômica, os avanços em programas sociais e os planos futuros, ao mesmo tempo em que abordou a recente tensão fiscal envolvendo o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a relação com o Congresso Nacional.

Lula iniciou sua fala expressando “muita felicidade” com os resultados alcançados, afirmando que “tudo que nós pensamos quando disputamos as eleições, tudo que nós pensamos quando tomamos posse […] está sendo executado”. O presidente ressaltou os dados econômicos, citando o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima das previsões do mercado em 2023 (3,2%) e 2024 (3,4% no primeiro trimestre), lembrando que o país não via tal expansão desde 2010. “Nunca houve no país um momento de tanta combinação entre políticas de inclusão social que combina mais emprego, que combina mais salário, que combina mais distribuição de programas sociais”, declarou.

Entre as realizações, Lula mencionou a execução de R$ 711 bilhões em obras públicas e privadas através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a retomada de 87.000 casas do Minha Casa, Minha Vida e quase 3.000 creches paralisadas. Ele também destacou medidas como a redução da tarifa de energia elétrica para consumidores de baixa renda, a política de isenção do imposto de renda e programas educacionais como o “Pé de Meia” e a meta de alfabetização de 80% das crianças até o segundo ano escolar até 2030, além da expansão dos institutos federais.

Um ponto central da coletiva foi o lançamento do programa “Agora Tem Especialista”, que visa garantir acesso a consultas especializadas e exames complexos, como ressonância magnética, para a população de baixa renda. Lula também adiantou planos para novos programas, incluindo um para baratear o gás de cozinha, um de crédito para reforma de casas e outro para financiar motocicletas para entregadores.

A Questão do IOF e a Relação com o Congresso

Questionado sobre a polêmica medida provisória que restringia o uso de créditos de PIS/Cofins, e que gerou a discussão sobre o aumento do IOF como alternativa de compensação, Lula confirmou que o governo está em negociação com o Congresso. Ele revelou que um almoço com líderes do Senado, da Câmara e o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ocorreria no mesmo dia para discutir a compensação necessária devido à decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a desoneração da folha de pagamento.

“O Haddad, no afã de dar uma resposta logo à sociedade, apresentou uma proposta que ele elaborou na fazenda. Ora, se houve uma reação de que tem outras possibilidades, nós estamos discutindo essas outras possibilidades”, explicou Lula. Ele enfatizou a importância do diálogo prévio com o Legislativo: “Eu sou favorável que antes da gente mandar qualquer medida pro Congresso Nacional […] nós temos que reunir aqui, sabe, as pessoas que são parceiro disso”. Embora não considerando a apresentação inicial de Haddad um “erro”, reconheceu que a discussão prévia não ocorreu na plenitude desejada devido à urgência e sua ausência de Brasília na ocasião.

Outros Temas Abordados

Lula também comentou:

• Fraudes no INSS: Afirmou que o governo, através da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), está investigando minuciosamente desvios, com o objetivo de punir os responsáveis e ressarcir os aposentados lesados.
• Licenciamento Ambiental e Marina Silva: Defendeu a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, elogiando sua lealdade e afirmando ter total confiança nela. Reconheceu que atritos entre órgãos ambientais como o IBAMA e ministérios desenvolvimentistas são históricos e normais, muitas vezes devido à falta de pessoal técnico no IBAMA. Sobre as novas regras de licenciamento aprovadas pelo Congresso, disse que ainda as analisaria.
• Tensões com os EUA sobre Alexandre de Moraes: Considerou “inadmissível” qualquer país dar palpite sobre decisões da Suprema Corte de outra nação e criticou duramente um deputado brasileiro (sem citar nome, mas em alusão a Eduardo Bolsonaro) por buscar interferência externa na política interna do Brasil.
• Agenda Internacional: Detalhou sua próxima viagem à França para uma visita de Estado, encontros com o presidente Emmanuel Macron, empresários, e participação na Conferência dos Oceanos em Nice.¹ Mencionou também compromissos em Mônaco, e futuras reuniões com líderes do Caribe e a cúpula do BRICS no Brasil.

Ao final, o presidente reiterou sua alegria com os rumos do país, apesar dos desafios como a crise no Rio Grande do Sul, e se colocou à disposição para mais perguntas da imprensa, sinalizando um esforço para aumentar a comunicação do governo.